Era um menino. Um menino único que nasceu de uma
mãe jovem, recém-casada, e que foi único sobrinho e neto. Enfim, virou um
reizinho.
E no seu reinado, ele tinha tudo, todos estavam a
seus pés, prontos para atendê-lo e mimá-lo, e como ra bom fazer isso. Ele era
uma criança feliz.
Até que a chegada de um primo ameaçou seu reinado,
e aquela tia que tanto o adorava iria mudar de foco, afinal ela mesmo teria um
reizinho em sua vida. O menino, até então único, sentiu a mudança, sentiu
ciúmes, ainda mais porque naquele mesmo ano, outra tia e sua própria mãe ficaram
grávidas.
Realmente, seu reinado acabou. Era hora dele
aprender a dividir, a compartilhar, a deixar de ser o centro das atenções. Para
os adultos esse era um processo natural, mas para o menino doeu mais do que o
normal. Com os bebês era amável, mas em alguns momentos demonstrava revolta,
isso no auge de seus 4 anos. Coisas da idade, os adultos pensavam. Era uma fase
de amadurecimento e adaptação.
O tempo passou, mais dois irmãos chegaram, as tias
tiveram outros filhos. Em casa, o pai era agressivo e arredio, o que fazia o
menino sofrer. Tinha problemas de comportamentos na escola, alguns episódios de
travessuras sem sentido, como chutar a professora e fazer xixi na sala. Coisas
da idade, os adultos pensavam.
O menino completava 10, 11, 12 anos. Aí a
adolescência bateu à porta. O que era estranho, pior ficou. A coisa
desandou, o menino tornou-se tímido, sentia uma necessidade de se
autoafirmar, de se sentir querido. Chamava a atenção dos adultos, que envolvidos
aos afazeres e compromissos do dia a dia, ignorava-o algumas vezes.
Sim, ele foi ao psicólogo, mas aquele tratamento
brando e longo, não surtia efeito. O diagnótico sempre era a família. Ele
precisava de mais atenção, de se sentir seguro. Mas como um mãe de quatro
filhos, jovem e com um marido insensível e agressivo, iria conseguir fazer mais
essa tarefa? E foram tantos episódios de brigas, de insultos e de incompreensão,
também com o menino, que os pais se separaram. Era uma família desfeita. Os
familiares sabiam que aquilo não seria benéfico para o menino, mas viver naquele
clima, também não era.
Passaram a viver na casa da avó, e tudo o que o
menino tinha (cama, quarto, brinquedos) foi ficando escasso, agora ele tinha que
dividir com os irmãos que se apertavam num quarto único. A avó, mulher sofrida,
batalhadora, de grande coração, mas muito enérgica, não ajudava muito no
processo de adaptação da família hóspede. Foram concessões de ambas as partes,
mas a necessidade era uma realidade.
E o que era ruim, pior ficou. O menino sentia-se
aprisionado, a situação já não era favorável e os pais ainda brigavam entre si
pelas guardas das crianças. A briga era tão séria que se agrediam, e o menino
via. Via sua mãe chorar, seu pai xingar, sua avó desesperar-se. Fase longa,
muito ruim.
E o pior aconteceu. Um dia ele surtou, surtou ao pé
da palavra. Teve uma crise psicótica, profetizou palavras ruins, xingou todos,
bateu em todos. Precisou de adultos para segurá-lo, estava tomado por algo ruim,
uma cena horrível de se ver. O pai teve que apartar, apanhou do menino, o menino
apanhou dele.
A família se uniu e decidiu que era hora de buscar
ajuda, ajuda médica séria. E chegaram a um psiquiatra que, depois de algumas
sessões, deu o diagnóstico mais doído que uma família pode receber: o
menino era equisofrênico. E somado a isso, era depressivo e tinha perdas de
memória. Todo mundo se comoveu, e percebeu que o menino sempre foi assim, sempre
pediu ajuda e ninguém o ouviu.
Hoje, o menino toma medicação. E a família vive
alerta ao seu comportamento e alteração de humor. Infelizmente, ele ainda tem
crises, mas muito mais brandas do que aquela fatídica. Para quem não sabe, tal
doença não tem cura, apenas tem controle. E os sonhos de uma mãe e de uma
família em relação ao futuro daquele menino, que hoje é um rapaz, foram por água
abaixo. Agora é viver um dia de cada vez.
OBS.: Essa é a triste história do meu sobrinho mais
velho. Resolvi compartilhar com vocês porque infelizmente presenciamos uma nova
crise que nos magoou muito. A esquizofrenia é uma doença cruel, só quem a
conhece entende o que minha família passa.
12 comentários:
Nossa, nem sei o que dizer! Sinto muito por tudo.... queria fazer algo para ajudar, mas não imagino o que! Vou orar. Por enquanto é só o que posso fazer, afinal, nem uma abraço forte posso te dar por causa da distância, mas sinta meu abraço agora. Deite no meu ombro. Chore no meu colo...
Com todo meu amor
Nossa, Rosi, que história triste, obrigada pelo post, é muito esclarecedor, bom para abrir a mente e estarmos sempre atentos para percebermos as pessoa que nos rodeiam, se estão implorando por alguma ajuda e não percebemos,
bjs
Sem palavras. Somente con sigo dizer que Deus está no controle de tudo e que Ele há de dar forças para vc e sua família.
Bjs
Posso imaginar Rosi o sofrimento da sua família! Realmente a esquizofrenia não tem cura, a única coisa que pode ser feita é adaptar o esquizofrênico e a família.
Beijos pra você!!!
Poxa que triste...
Deve ser dificil para vc como tia ter que passar por isso...
O pai tambem não ajuda muito...
Mas vou ficar aqui, rezando muito por vcs, para que essa situação se resolva, e que essas crises sejam cada vez mais raras...
E os pais tem que sentar e conversar, não brigar mais na frente dele...
Poxa, é complicado ne, da minha opinião é facil, mas viver na pele dessa mãe e desse filho....
Boa sorte viu, qqr coisa estou aqui...
bjos
Rosi...certamente é uma triste historia...mis tudo na vida tem um proposito acredite nisso e estamos aqui pro que der e vier..!!!
Oi amiga, Nosso que história triste... e é uma doença dificil, o filho de um grande amigo do meu pai é esquizofrênico, nosso vizinho, é triste e dificil saber a diferença pelo seu relato, de criança mimada e criança com problemas.
Bjus amiga e espero que ele melhore, e peça a Deus que lhe traga cada vez menos crises, menos angustias.
Muito triste mesmo e uma pena que ele teve que chegar a esse estágio para ter atenção.
Uma coisa me chamou a atenção, é que esse comportamento dele, não me parece esquizofrenia, pelo que conheço, pois o esquisofrênico costuma "criar" coisas, situações, principalmente ouvir vozes as quais ele segue.
De qualquer forma desejo que o estado dele se mantenha controlado e que possa ter uma vida o mais perto da normalidade e com carinho.
Olá Rosi. Lendo seu post de hoje, me vi em uma situação "parecida" com o meu filho mais velho, o qual estou extremamente preocupada. Desde o nascimento da nossa caçulinha, ele, que também era o único filho, sobrinho e neto, vem demonstrando episódios de "chamar a atenção", sempre que ele pode. Confesso a você que já fiz de um tudo para amenizar a situação, mas está bem complicado e lendo o seu post, fez com que eu ficasse mais alerta ainda aos sinais que ele pode estar demonstrando e eu posso não estar percebendo.
Meu filho possui uma deficiência motora e genética e meu medo é que o somatório de tudo isso, atinja o lado psíquico também.
É realmente uma história comovente e triste e torço para que sua família possa ter muito equilíbrio, perseverança e sobretudo amor para lidar com isso!
Deus abençoe vocês sempre!
Beijos
Nossa, muito triste. É uma pena ter demorado tanto para saberem este diagnóstico. Nem sei o que dizer!
Bjos e força para a família.
Nossa Rosi, que triste,
Não sei o que te dizer a não ser para rezar, para pedir para Maria cuidar do seu sobrinho.
Deus os abençoe minha amiga linda.
Beijos
Bru
q historia triste q pode aconteser na vida de qualquer pessoa q deus proteja essa familia e a de todoas um abraçooooooooooo
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