31 maio 2007

Expulsas do paraíso

Estava lendo hoje uma reportagem da Marie Claire (a melhor revista feminina na minha opinião) sobre a existência de um "Clube de Mães" no Japão. Todo mundo sabe que ter uma filha no Ocidente é penoso para uma mãe por questões financeiras, mas o que li hoje me deixou bege. O clubinho é uma reunião de mães que possuem filhas numa mesma escola e/ou freqüentam o mesmo parque. Ali mães se reúnem para conversar, participar de chás, passear nos finais de semanas. Funciona com um grupo de auto-ajuda, mas há regras rígidas para serem aceitas como ter uma boa vida financeira, ter uma educação exemplar, usar roupas de grife e ser inteligente, traduzindo: estar nos padrões. Essas características cabem para mãe e filha. Imitando a estrita hierarquia corporativa do país, os grupos são muitas vezes dirigidos por uma 'mãe-chefe', a quem as outras respeitam.
A vida social no Japão é muito mais intensa pelo fato dos maridos passarem muito tempo ausentes de casa, trabalhando, enquanto as mães passam o tempo todo com outras mães e seus filhos. As mulheres japonesas sofrem intensa pressão para garantir a seus filhos um lugar nos jardins de infância e nas escolas de prestígio. Se a menina for aceita por essas mães tão bem-relacionadas, podem contar com uma rede social para toda a vida, boas perspectivas de emprego e um bom casamento. Existem casos de mães que não conseguem ser aceitas em nenhum grupo e sofrem ao ver suas filhas sem amiguinhos para brincar. A decepção é tão grande que chegam a matar suas filhas para evitar sofrimentos futuros. Se o fato já é inaceitável, pior se torna a identificação da população com a mãe. A assassina não se livra da pena, mas matar foi um recurso real, quase uma prova de amor.

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