13 agosto 2007

Com muito amor

Não sou muito de falar de religião justamente porque o tema é polêmico, mas acredito que todo ser humano precisa ter algo para manter a fé e o equilíbrio.

Desde pequena tenho pesadelos, por essa razão minha mãe sempre me orientou a não assistir a filmes de terror e, ao deitar, fazer sempre uma prece. Meus pesadelos eram sempre envoltos em perseguições ou possuições demoníacas com pessoas que amo. Criei-me na igreja católica, mas também conheci a evangélica, ou melhor, várias igrejas evangélicas. Nenhuma delas satisfazia minhas dúvidas. Talvez também porque minha mãe abolia outras religiões, isso influenciava a mim. Quanto ao espiritismo bem, essa era uma religião mais complicada para a minha família, embora há casos de antepassados que eram as chamadas benzedeiras.

Reencontrei uma amiga de infância depois de um tempo separadas. A Tita sempre foi muito querida e temos muitas afinidades. Em uma de nossas conversas, ela me contou que sua vida havia mudado e que tinha se tornado espírita, ou melhor, médium. Fiquei curiosíssima com a novidade e pedi mais detalhes. Conversamos durante horas sobre assunto. Contei meus medos e minhas experiências a ela que me orientou com uma visão espírita. Aproveitou para me convidar para uma festa que teria na casa espírita que freqüenta nos próximos dias.

Depois de muita insistência fui à festa. Cheguei na casa e encontrei muitos amigos, todos ligados à ela, mas todos queridos. Senti-me bem. Quando o ritual da festa começou me senti incomodada. Aquelas batidas de atabaques mexiam comigo. Tive vontade de sair dali, mas algo me segurava. Fui convidada a entrar efetivamente na sala e me deparei com um ritual ligado à natureza com muitas folhas, muito verde. Em determinado momento, duas médiuns incorporadas (duas amigas) saíram da sala ao lado e vestidas a caráter dançavam de uma maneira diferente e intensa. Aquela cena foi a gota d’água para mexer com minha sensibilidade. Sentia meu coração pular, estava agitada, ansiosa. Depois, outros médiuns receberam outros espíritos e começaram uma nova dança. Nesse momento eu não me contive: chorei um choro compulsivo, de soluçar de verdade. Foi aí que um dos médiuns que estava incorporado pegou em minha mão e disse: essa emoção que você está sentindo é resultado de muitas vidas que você teve, seja bem-vinda! Neste momento tive a certeza que ali era meu lugar.

Desde então sou trabalhadora de uma casa espírita que desenvolve um trabalho social e espiritual muito sério. Auxiliamos as famílias carentes com cestas básicas, leite e remédios, além de mantermos uma creche durante o dia que atende cerca de 35 crianças. No lado espirirual, trabalhamos com entidades que atendem gratuitamente, aconselhando e confortando as pessoas quanto aos seus sofrimentos e dúvidas.

Passei por fase de rebeldia, pois me distanciei e sofri muito por isso. Perdi coisas que dava muita importância e aprendi a dar o valor adequado a outras. Encontrei novos amigos, perdi alguns. A casa também passou por mudanças que fizeram com que todos parassem para pensar em seu comportamento e no caminho que estávamos tomando. Acredito que a espiritualidade mostrou a verdade e para mim mostrou que nada serei se estiver sozinha e agindo com rebeldia. Eu acredito neles. Estou apenas caminhando, mas já posso sentir melhorias.

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