02 outubro 2009

Da série: Gente que faz

UM POUCO DE PSICOLOGIA

Todo profissional já teve a oportunidade de participar de uma entrevista desemprego. O selecionador, a ansiedade e tudo que envolve esse processo seletivo pode render boas e más lembranças. Convidei minha amiga de longa data, a psicóloga Heloísa Torres, que trabalha com Recrutamento & Seleção há mais de 07 anos, para desvendar alguns mitos sobre o assunto.

*Antes de iniciar uma entrevista, quais os cuidados que um Selecionador precisa ter?
Acredito que a coisa mais importante é saber direitinho o perfil da vaga que está sendo trabalhada, principalmente as características comportamentais, pois serão elas que guiarão um Selecionador para a utilização dos instrumentos corretos no processo seletivo, como quais perguntas serão utilizadas, quais testes psicológicos serão efetuados e etc.

*E os cuidados de um candidato?
Percebo que a grande falha da maioria dos candidatos é irem para a entrevista despreparados. A coisa que mais me frustra em um processo seletivo é o candidato não fazer a menor ideia do que faz a empresa pelo qual ele está se candidatando a uma vaga. Esta pequena atitude de olhar no site e entender o que faz a empresa demonstra o mínimo de interesse por parte do candidato, além do cuidado que ele teve de observar se há identificação com os negócios da empresa.

*Como funciona um banco de dados de currículos?
Cada empresa utiliza um banco de currículos diferente. No meu caso eu recebo muitos currículos via e-mail, em papel e também via site da empresa, portanto toda vez que recebo uma vaga, antes de divulgá-la, eu pesquiso em todos estes bancos. Algumas empresas não recebem currículos de outra forma a não ser pelo seu site, o que facilita muito a vida do Selecionador, pois fica só com um banco de dados para consultar. Em nosso caso, como temos muitas vagas operacionais acabo por aceitar os currículos que vindo de todas as formas, o que tem me dá um trabalho maior no momento de triar os currículos, mas tudo bem.

*Quando há determinação de itens, como instituição de ensino, por exemplo, e você tem um bom candidato que não atende aos requisitos, como isso é trabalhado com o solicitante da vaga?
Quando há uma determinação do tipo “só quero alunos da faculdade x” o que eu geralmente faço é agendar uma dinâmica de grupo onde haja os alunos da faculdade x, mas também alunos da y e da z, e então convido o solicitante para participar do processo. Dessa forma, eles geralmente acabam esquecendo que o critério principal era a formação e avalia as competências, pois neste processo de dinâmica observam basicamente postura e comportamento, não a escolaridade.

*Às vezes o candidato espera um retorno sobre o processo seletivo que nunca acontece. O que é ideal?
Realmente tanto as agências como algumas empresas pecam neste sentido, pois se você promete retorno é preciso dá-lo. Particularmente acho falta de educação e empatia com o candidato prometer algo que não se pode cumprir. A situação de passar por muitos processos seletivos é extremamente estressante e angustiante para a maioria das pessoas, então o mínimo que o Selecionador pode ter para com os candidatos é respeito.

*Como funciona os processos seletivos internos?
Esses processos servem para atender as demandas de novas vagas com colaboradores da própria empresa. Visa motivar os colaboradores, reconhecer talentos internos e também promover um plano de carreira horizontal. Muitas instituições utilizam desta ferramenta e ela tende a ter ótimo retorno em clima organizacional.

*O que fazer para ser o candidato escolhido?
Não há fórmula mágica para ser escolhido no processo seletivo, pois quem está contratando depende de um perfil específico, que tem a ver com cultura da empresa, características da equipe atual e os públicos internos e/ou externos com os quais esta pessoa irá se relacionar, além das competências técnicas. Isso tudo é feito para que seja contratada a pessoa certa, para o lugar certo e não haja futuramente problemas de adaptação do colaborador com a empresa ou com a equipe. Mas se posso dar uma dica aos candidatos é: sejam sinceros, calmos, seguros e confiantes. Não tente adivinhar o que está sendo avaliado pelo Selecionador para tentar manipular as respostas e assim ter uma chance de ser aprovado, geralmente esta atitude fica perceptível e tende a prejudicar o candidato. Em minha opinião se você for honesto e estiver confiante, mas ainda sim não for o escolhido, sorte sua, pois com certeza seria uma oportunidade para o qual, a médio e longo prazo, você não se adaptaria. E peço que não temam os Selecionadores, pois apesar de não parecer, nós estamos pensando tanto no bem do candidato quanto no da empresa, para que este casamento tenha uma vida longa e frutífera.

Junto com mais duas amigas, Helô acaba de lançar o blog 3 Supernovas. Lá elas falam de carreira, diversão, relacionamentos e dão várias dicas. Quer conhecer?

Há algum tempo atrás publiquei um texto aqui sobre alguns absurdos que os candidatos presenciam, confira.

17 comentários:

Nana disse...

A questão que a nossa economia está tão ruim, a maioria faz faculdade unicoxinha, que temos que pegar o primeiro emprego para nos sustentar!
Infelizmente não tem como mais escolher uma carreira/emprego/profissão.
Bjss

Fabiana disse...

Rosi, adorei a entrevista. Gostei muito de saber alguns detalhes que rondam esse tipo de seleção. Eu só participei de uma até hoje, e me estressou profundamente, fiquei com trauma, rs.

Bjão!

Uma Mulher de Fases disse...

Rosi, é muito bom poder saber um pouco mais deste universo desconhecido dos bastidores das entrevistas e dinâmicas, às vezes não sabemos exatamente o que cada teste revela, ou significa!

Beijos

Elaine disse...

No tempo em que participava de processos seletivos, eu geralmente me saía bem, e considero que isso acontecia justamente pelas razões citadas pela Heloísa. Apesar de que todas as vezes estava ainda empregada e isso contribui para ficarmos mais confiantes e não tão nervosos. Em uma situação de desemprego, a ansiedade pega pesado.
Em alguns casos, cheguei a me desculpar e sair no meio do processo por perceber que não era ali que gostaria de trabalhar. E em alguns em que gostaria de trabalhar não fui a escolhida mas entendia que o outro candidato tivesse um perfil melhor para vaga.
A melhor opotunidade que tive veio de uma vaga aberta para um cargo maior do que eu exercia na época. Enviei meu currículo mesmo assim, fui chamada. Logo na entrevista com o gerente, a empatia foi instantânea e mútua. Foi uma entrevista leve e saí de lá com a certeza de que seria a contratada e fui mesmo, geralmente o candidato consegue ter esse "feeling" também.
Meu marido tem participado de processos seletivos e concordo que a pior parte é a falta de retorno por parte dos recrutadores. Poxa, custa pegar o telefone e dizer que optaram por outro candidato? Ás vezes, ele telefone e pergunta sobre a vaga e mesmo assim não dizem que outro foi escolhido, pq será?
Quanto aos processos seletivos, odeeeeeeeio dinâmica de grupo, em todas que participei haviam candidatos desesperados, que não deixavam os outros falarem. Queriam aparecer mais que tudo e muitas vezes percebia que era encenado, trabalho em grupo mesmo era o que menos aparecia. Apesar disso, conseguia me destacar nestas dinâmicas, mas não gosto não. Os melhores empregos que tive, nas melhores empresas e nas quais melhor me adaptei e contribuí, fui seleciona através de currículum + entrevista somente.
Bjs, Elaine

Faça a Festa: sua festa com a sua cara! disse...

Prá variar, a entrevista está ótima. É bom saber o que se passa na cabela dos selecionadores - tenho trauma deles.

Beijos.

Estúdio de Design disse...

Rosi
Adorei a entrevista! De utilidade pública mesmo!!!
Nunca passei por processos seletivos de várias fases, só entrevistas básicas (sem concorrentes, só para conhecimento, por causa da indicação). Mas estou acompanhando este processo com o meu namorado. É estressante, desgastante e intenso. Afeta a todas as pessoas... todos à volta.
Busca de emprego, troca... é sempre delicado.
Parabéns de novo! Acertou a mão na escolha!
Beijos para as duas!
lelê

PS> Rosi, ainda to com problemas técnicos, ainda bem que vc comentou sobre a nova postagem... senão não saberia! Obrigada!

Estúdio de Design disse...

Rosi
Adorei a entrevista! De utilidade pública mesmo!!!
Nunca passei por processos seletivos de várias fases, só entrevistas básicas (sem concorrentes, só para conhecimento, por causa da indicação). Mas estou acompanhando este processo com o meu namorado. É estressante, desgastante e intenso. Afeta a todas as pessoas... todos à volta.
Busca de emprego, troca... é sempre delicado.
Parabéns de novo! Acertou a mão na escolha!
Beijos para as duas!
lelê

PS> Rosi, ainda to com problemas técnicos, ainda bem que vc comentou sobre a nova postagem... senão não saberia! Obrigada!

Creuza Moura disse...

Excelente a entrevista. assunto pertinente ao atual momento brasileiro de "crescimento" da oferta de trabalho. Gostei especialmente da clareza da Heloiza, tem momentos que como candidatos não sabemos exatamente o que fazer para ser visto pelo pessoal do RH, suas colocações deram o norte, valeu menina!

Rosi
Brigadão pelo carinho isso não tem preço.

vou colocar a leitura do teu blog em dia e vc verá pelos comentários ok?

beijão

Creuza

A Madrasta Má disse...

Olá minha querida, adorei a postagem essas são dicas maravilhosas para até mesmo focarmos nos testes e entrevistas que conseguem ser estressantes! obrigada pelo carinho!
bjinhos da Madrasta!

disse...

Pode parecer que não mas, por já ter estado dos dois lados desta moeda, sei o quanto ambos são difíceis.

O candidato sofre com a angústia e o selecionador com toda a responsabilidade de encontrar a pessoa certa para o lugar certo, com muita paciência e empatia.

Excelente entrevista! E vale registrar aqui, até por conhecer seu trabalho muito de perto, o quanto Dona Helo é profissional(como poucas que já conheci até hoje). Sou sua fã!!!!

Ótimo final de semana!

Heloisa Torres disse...

Rosi! Fico muito feliz em poder ajudar a desmistificar este grande mistério que é o Recrutamento e Seleção. Obrigada pelo espaço e agradeço os comentários.

Bjs!

:: Nanda :: disse...

Adorei a entrevista e até mostrei pro RH da empresa que eu trabalho.. porque essa semana mesmo a gente comentou que muitas vezes tem profissionais exelentes mas o gestor nao quer por nao ser da faculdade "de nome" que ele queria e muitas vezes os candidatos de tal faculdade nao se interessam e nem trabalham bem por serem de familias ricas e estarem ali so por estar..
ja os das faculdades menores se esforçam mais mas nem sempre tem espaço.
Gostei das dicas da heloisa
parabéns meninas

bjos

Casa de Catarina - lelê disse...

Rosi,
consegui mudar... rs.
Agora estou na minha "casinha" nova... amanhã terá post de inauguração. Dê uma passada por lá:
http://blog.casadecatarina.com.br.
Beijo
lelê

André Andrade Silva disse...

Nunca participei de entrevista com a Heloísa, sendo o entrevistado, mas já pude acompanhar a mesma ao meu lado, selecionando uma pessoa para trabalhar comigo.

E só tenho a elogiar todo o profissionalismo que a mesma conduziu todo o processo.

Excelente entrevista e como a Fernanda disse, sou seu fã !

Boa semana a todos.

Fabi Carvalhos disse...

Rosi, que legal. Muito bom conhecer o outro lado. Bjs, Fabi.

Fla disse...

Oi Rosi, demorei mas cheguei!
Olha eu acho super bacana psicologia, até porque tenho uma irmã que é psicóloga. E acho essa área de recursos humanos muito, mas muito bacana.
Aqui na empresa eu acho terrível porque é o próprio dono que entrevista e contrata, e querida, chega cada coisa para trabalhar aqui na empresa que é de chorar.
Não basta ser tecnicamente bom, tem que saber trabalhar em grupo, saber falar, ser humilde... tanta coisa né?!
Adorei a entrevista. Parabéns as duas.
Beijos

Ana Carolina Peixoto disse...

Rosi, muito bom saber da opinião de uma profissional da área. Eu quero engravidar do segundo e depois.. preciso tomar algumas decisões profissionais importantes. Adorei!
bjs,
Carol