UMA MULHER PRENDADA
"De mão cheia" é uma expressão que indica abundância. E cai perfeitamente bem para Fernanda Ricchetti quando falamos em culinária. Mais conhecida como Nana, essa profissional de comunicação, após uma fase ruim de sua carreira, se jogou sem medo de ser feliz numa nova profissão e decobriu um imenso prazer em cozinhar. Aqui ela nos conta como consegue conciliar duas paixões de sua vida.
Uma profissional de comunicação na cozinha? Explica pra gente como isso aconteceu.
A vida é separada por etapas e acredito que todo mundo passa por uma crise dos trinta, eu passei aos 27 anos da minha vida e hoje ela acompanha delicadamente no meu trajeto. Me sentia incomodada por ser igual a todo mundo, não fazia nada em especial profissionalmente, não trabalhava mais com Comunicação, não tinha mais esperança de voltar a minha formação depois de várias entrevistas sem sucesso e me sentia um cocôzinho em meio de um esgoto público. Cansei da rotina "casa, trabalho, casa". Queria me descobrir como pessoa, mostrar que posso ir além do que eu já fazia. Me sentia triste, todo dia eu chorava por falta de expectativa. Nessa época me entupia de comida pronta e deitada na cama assistindo televisão, logo eu engordei. O meu marido era a pessoa que me deu o apoio e me mostrou o "caminho das pedras sem querer querendo". Na verdade, quem queria fazer o curso era ele e não eu, então, assistíamos os programas de televisão de vários chefes de cozinha. Eu me apaixonei por um, o Gordon Ramsay. Sim, o chefe de cozinha mais grosso que alguém já viu na telinha da televisão, porém, eu tenho um gosto estranho em questão personalidade, gosto de pessoas ogras, que não tem papas na língua e educadas quando tem que ser. Um dia, vendo a movimentação da cozinha reality show chefiada pelo Gordon Ramsay, me deu um estralo e falei para o meu marido "é isso que eu quero fazer, trabalhar em um restaurante! Ser chefe de cozinha". Fui até a Hotec, uma faculdade especializada em hotelaria e gastronomia próxima à minha casa, e falei da minha situação financeira, falei do meu grau de escolaridade (eu sou formada em Comunicação Social) e a moça me encaixou na melhor possibilidade: fazer os cursos de qualificação gastronômica e depois fazer os cursos de pós-graduação para começar a trabalhar com gastronomia. O curso de qualificação não era tão caro e duravam quinze dias o primeiro módulo, cheguei no trabalho e liguei para o meu pai "gordo, custa x e dá para parcelar por y, ficando baratinho para ambos pagar junto", papai fechou o acordo e fiz a matrícula. Comecei o curso e logo acabou, amando tudo aquilo, eu sentia paixão nos meus olhos e a certeza que era isso que eu queria viver. Logo eu fui ver as minhas economias e dava para pagar mais um curso e foi o que eu fiz, comecei o segundo módulo. Quando estava para terminar, comecei a chorar na empresa que eu trabalhava. A minha "chefa", viu a cena e perguntou "o que foi?", falei que só tinha metade do dinheiro do terceiro módulo e não queria parar, logo ela mandou o motorista particular dela tirar o dinheiro restante para pagar o terceiro modulo e me deu com um lindo bilhete, desejando toda a sorte do mundo. Parei no terceiro módulo e tinha mais três. Porém, percebi que não existiria mais diferença nos outros que eu aprendi, já que a técnica foram ensinadas nos dois primeiros módulos e os outros módulos seriam mais receitas, agora era comprar livros e estudar em casa. O meu professor chefe sempre pedia para comprar livros, entrar em sites e nunca parar de estudar a gastronomia. Logo, eu realizei mil pesquisas na internet e descobri o mundo do blog, me dando uma vontade louca de fazer um e dividir o que eu aprendia para as outras pessoas, surgindo o Manga com Pimenta. O blog foi a minha maior ferramenta psicológica: aprendi a lidar com a minha crise dos trinta, conheci pessoas, ensinei outras, fiz ótimas amigas que levo no peito, me realizei e me realizo como profissional de comunicação e cozinheira. Não mudei de profissão, tentei fazer produções para venda, porém requer tempo para preparação e demora muito tempo para conseguir lucro para se sustentar na pauliceia desvairada, continuo trabalhando no mesmo lugar quando comecei a fazer o curso de gastronomia, porém, me a minha vida mudou por causa da gastronomia e do blog.
A vida é separada por etapas e acredito que todo mundo passa por uma crise dos trinta, eu passei aos 27 anos da minha vida e hoje ela acompanha delicadamente no meu trajeto. Me sentia incomodada por ser igual a todo mundo, não fazia nada em especial profissionalmente, não trabalhava mais com Comunicação, não tinha mais esperança de voltar a minha formação depois de várias entrevistas sem sucesso e me sentia um cocôzinho em meio de um esgoto público. Cansei da rotina "casa, trabalho, casa". Queria me descobrir como pessoa, mostrar que posso ir além do que eu já fazia. Me sentia triste, todo dia eu chorava por falta de expectativa. Nessa época me entupia de comida pronta e deitada na cama assistindo televisão, logo eu engordei. O meu marido era a pessoa que me deu o apoio e me mostrou o "caminho das pedras sem querer querendo". Na verdade, quem queria fazer o curso era ele e não eu, então, assistíamos os programas de televisão de vários chefes de cozinha. Eu me apaixonei por um, o Gordon Ramsay. Sim, o chefe de cozinha mais grosso que alguém já viu na telinha da televisão, porém, eu tenho um gosto estranho em questão personalidade, gosto de pessoas ogras, que não tem papas na língua e educadas quando tem que ser. Um dia, vendo a movimentação da cozinha reality show chefiada pelo Gordon Ramsay, me deu um estralo e falei para o meu marido "é isso que eu quero fazer, trabalhar em um restaurante! Ser chefe de cozinha". Fui até a Hotec, uma faculdade especializada em hotelaria e gastronomia próxima à minha casa, e falei da minha situação financeira, falei do meu grau de escolaridade (eu sou formada em Comunicação Social) e a moça me encaixou na melhor possibilidade: fazer os cursos de qualificação gastronômica e depois fazer os cursos de pós-graduação para começar a trabalhar com gastronomia. O curso de qualificação não era tão caro e duravam quinze dias o primeiro módulo, cheguei no trabalho e liguei para o meu pai "gordo, custa x e dá para parcelar por y, ficando baratinho para ambos pagar junto", papai fechou o acordo e fiz a matrícula. Comecei o curso e logo acabou, amando tudo aquilo, eu sentia paixão nos meus olhos e a certeza que era isso que eu queria viver. Logo eu fui ver as minhas economias e dava para pagar mais um curso e foi o que eu fiz, comecei o segundo módulo. Quando estava para terminar, comecei a chorar na empresa que eu trabalhava. A minha "chefa", viu a cena e perguntou "o que foi?", falei que só tinha metade do dinheiro do terceiro módulo e não queria parar, logo ela mandou o motorista particular dela tirar o dinheiro restante para pagar o terceiro modulo e me deu com um lindo bilhete, desejando toda a sorte do mundo. Parei no terceiro módulo e tinha mais três. Porém, percebi que não existiria mais diferença nos outros que eu aprendi, já que a técnica foram ensinadas nos dois primeiros módulos e os outros módulos seriam mais receitas, agora era comprar livros e estudar em casa. O meu professor chefe sempre pedia para comprar livros, entrar em sites e nunca parar de estudar a gastronomia. Logo, eu realizei mil pesquisas na internet e descobri o mundo do blog, me dando uma vontade louca de fazer um e dividir o que eu aprendia para as outras pessoas, surgindo o Manga com Pimenta. O blog foi a minha maior ferramenta psicológica: aprendi a lidar com a minha crise dos trinta, conheci pessoas, ensinei outras, fiz ótimas amigas que levo no peito, me realizei e me realizo como profissional de comunicação e cozinheira. Não mudei de profissão, tentei fazer produções para venda, porém requer tempo para preparação e demora muito tempo para conseguir lucro para se sustentar na pauliceia desvairada, continuo trabalhando no mesmo lugar quando comecei a fazer o curso de gastronomia, porém, me a minha vida mudou por causa da gastronomia e do blog.
Nana em ação na cozinha da faculdade
A Hotec tem uma diferença bem grande diante das outras faculdades de gastronomia, você tem um ambiente igual a um restaurante. Não existe ar condicionado, as bancadas são separadas por grupos e funções, o fogão é igual ao que se encontra em um restaurante real, o professor é o chefe da cozinha, ele nunca pegará na sua mão para te ensinar, ele sempre falava "já passei toda a teoria nos dois primeiros dias, agora é com vocês colocar em prática", no final da aula ficamos todos em uma bancada, ele experimentando e dando a sua crítica. Quando ele via algo feito errado, ele chamava o responsável da bancada e dava bronca. Era o mesmo ambiente que existe em um restaurante, porém, o professor não era um Gordon da vida, ele era super bonzinho. Como citei, as duas primeiras aulas eram teóricas, ensinavam cortes, temperos, higiene, alimentos, cultura, geografia, matemática e outras coisas, era uma aula demorada e cheia de informações. Os alunos da Hotec, a maioria já trabalhavam em restaurantes, pessoas simples e que procuravam se aperfeiçoar na profissão. Ah, todos tinham que levar a louça que usou, uma vez o pessoal foi embora, ficando só três na cozinha aula para organizar tudo, falei para o professor "isso é injusto". No outro dia, foi ensinado a como fazer uma feijoada completa, depois que todo mundo degustou, ele mandou o assistente dele fechar a porta e falou "Nana, fulano e ciclano estão dispensado, o resto só vão embora quando tudo estiver limpo e organizado". Amei a atitude dele, já que estava "redonda" de tanto comer feijoada, hahahaha.
O que de mais importante você aprendeu?
Por incrível que pareça, a se alimentar bem e a ter disciplina!
Em uma cozinha profissional, você precisa liderar, respeitar, realizar e fazer tudo conforme as normas e regras. Vai fazer um arroz? Precisa primeiro separar todos os ingredientes e itens a ser usados, lavar a cebola com a casca e depois de ter tirado a casca, lavar todos os itens utilizados, fazer uma apresentação e sempre ser crítica com a sua produção. Na época do curso, mesmo comendo horrores, já que tudo que era feito era degustado, cheguei a emagrecer por comer corretamente. Descobri também, que gastronomia é moda, ela não diferencia dos pratos que eram preparados pelas nossas avós. Cansei de ver minha avó e mãe, fazer técnicas ensinadas em curso na cozinha domiciliar delas. O grande problema de hoje, as pessoas trabalham fora e não tem tempo para dedicar a cozinha, fazendo de qualquer jeito ou comprando fora, por isso esse crescimento tão grande no ramo gastronômico. Não se enganem, pensando que o prato tem algum segredo. O segredo está nas técnicas corretas e no uso dos temperos.
E no dia-a-dia, o que você introduziu do aprendizado que teve?
Aprendi a cozinhar corretamente, rs. Não tem truques e nem manias. Cada cozinheira tem o seu dom na hora de dar o seu toque especial, a quantidade de tempero para aquele "humm" sexual alimentar.
Como você se divide entre a cozinha e seu trabalho?
Eu levo comida de casa para almoçar no trabalho e todos os dias eu faço janta. Normalmente eu não janto em casa, tomo um copo de leite e vou dormir, sempre brinco que eu vendo a minha janta para comprar o meu almoço. Depois que eu fiz o curso e criei o blog, eu utilizo o meu momento cozinheira para me purificar, sair toda a “inhaca” do dia fazendo comida, aprender e criar pauta para o blog. Quando tenho alguma encomenda, eu passo a noite na cozinha, já cheguei a dormir duas horas em uma noite, para realizar uma encomenda para uma produtora de televisão. Eu tive que fazer três tortas, duas cruas e uma assada, as massas prontas e os processos de montagem para apresentação de um prato gastronômico. Eu não fui a apresentadora, mas ela usou o material (as tortas) feito por mim. Só tenho certeza de uma coisa, eu sou muito chata quando estou fazendo produtos para vendas/encomendas, tem que ser perfeito e sem nenhum defeito. Para o blog eu faço os pratos mais relaxada, não me cobro muito, por isso o blog tem a minha personalidade e os meus leitores se identificam mais, saindo do padrão perfeição e sim, mais caseiro. Ainda tenho o sonho de realizar a pós-graduação em gastronomia, dar aula para faculdades e escrever dez mil livros de gastronomia.
Entre as duas profissões, qual a que mais você se identifica?
Eu amo as duas, não existe uma diferença. Tem hora que não dá para encarar a cozinha, não tenho espírito zen para criar pratos para apresentar ao blog e tem horas que estou tão de bode que nem escrever eu tenho vontade. Eu acho que o meu espírito é assim, divido o ato de comunicar ao mundo para trazer o amor e a gastronomia é a minha maior ferramenta para ensinar as pessoas a criar o amor. Quantas vezes recebo comentários e e-mails de pessoas que não tinham intimidade nenhuma com cozinha e por causa de mim, estão uma vez por semana no mínimo criando as suas receitas. Pela comunicação, conheci blogueiras que entraram em contato comigo falando que tal blog nasceu por causa do Manga com Pimenta, eu fico com os olhinhos brilhando por causa disso. Os dois são necessidades básicas do ser humano, todos precisam se comunicar e alimentar, como não ter paixão diante eles? Eu amo demais tudo isso.
Corre lá no blog Manga com Pimenta e confira tudo isso e muito mais que a Nana apronta.
12 comentários:
Menina
Adorei a entrevista! Principalmente quando ela fala que todo mundo tem a sua crise dos 30 e como ela resolveu a dela. De certa forma, me identifiquei com ela. Porque estou em busca de uma identidade minha, talvez perdida, talvez pronta para ser criada...
Beijos!
lelê
Ai que vergonha hehehe
Obrigada flor por eu participar da sua entrevista hehehehe
Volto mais tarde para ver mais comentários!
Mil beijosss
Já admirava a Nana e o blog; agora, então, depois de conhecer um pouquinho mais dela, admiro mais ainda! Ótima a entrevista, Rosi, como sempre!
Eita, que entrevista legal Rosi. Adorei a iniciativa da Nana. Fazer um curso assim é uma de minhas vontades (tenho tantas, rs).
Vou lá conhecer o cantinho dela.
Ah, vê se passa lá no blog, tem uma pergunta para vc responder, rsrs.
Bj
O blog desta mocinha é TUDIBOM!!!
Cada delícia!!!
Ótima entrevista!
Te espero na blogagem!!
Bjkas
Beta
Fiquei com água na boca. Já conhecia o Manga com Pimenta, mas não conhecia sua dona.
Muito simpática, esclarecida, envolvente. Gostei de lê-la. Ela sabe o quer dizer. Ótima comunicadora, com certeza.
Parabéns pela escolha, Rosi.
Rosi,
Saudades de você, estrupícia!
Entrevista super bacana! Deu até água na boca =)
Beijo procês duas!
***
Voltei pra te responder...
Rosi, pois é, cada um tem uma opinião quanto ao assunto, né?
Acho que todos só querem o melhor para seus filhos. Eu já acho a maior besteira comemorar com festão o aniversário de 1 ano, quando a criança muitas vezes nem anda... O da Clara fiz em casa, bem simples só pra família. Já o da Mariana acabei fazendo no salão, por causa da irmãzinha que aproveitou bastante a festa, sabe?
Eu me preocupo mais com o "como" do que o "quando" comemorar.
Oi flor,
Vim te convidar a ir la no kriativa prestigiar o contador de histórias e ver a festa de halloween tem brincadeiras e presentes ok.
http://kriativa.zip.net
Bjos
Mais uma ótima entrevista, Rosi!
Parabéns a vc e a Nana!
Vejo falar da crise dos 30, da dos 40.. e eu que estou nos cinquenta? É isso mesmo, viver é estar sempre mudando, se aperfeiçoando, buscando.. eu que o diga :)
beijo e um ótimo final de semana!!!
parabens Nana, parabens Rosi. bjs
Antes tarde do que nunca. Só cheguei agora aqui mas adorei a entrevista Nana. Muito legal conhecer mais sobre você.
Parabéns Rosi pela ótima escolha.
Bjs
Fla
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